No passado dia 20 de fevereiro, o Embaixador de Portugal na Irlanda, Embaixador Miguel Almeida e Sousa, esteve presente na cerimonia do , no Condado de Wexford, que ao longo destes 105 anos vem homenageando as vítimas do naufrágio da embarcação norueguesa México, entre os quais se contava o português António Luis da Cunha. Na cerimónia esteve também presente a Embaixadora da Noruega na Irlanda, Embaixadora Else Berit Eikeland.

A cerimónia foi organizada pelo projeto “Helen Blake – Lifeboat Project”. Um projeto que pretende honrar as vitimas do trágico acidente e homenagear aqueles que participaram no resgate de todos os envolvidos.

A Embaixada de Portugal, na pessoa do seu Embaixador, agradeceu ao projeto “Helen Blake – Lifeboat Project” o convite e expressou a sua enorme gratidão aos descendentes dos marinheiros irlandeses falecidos que ajudaram no resgate, a toda a comunidade de Fehtard on Sea que mantem viva a história do trágico acidente bem como na preservação da memória de António Luis da Cunha que se encontra sepultado num cemitério local.

António Luis da Cunha era natural da ilha da Graciosa, Açores.  Embarcou na viagem por razões de saúde, após ter sido aconselhado pelo seu médico. O acidento trágico iria acontecer duas semanas depois da embarcação México ter partido de Ponta Delgada.

A viagem teria começado na Ilha Cármen no México em setembro de 1913, com o objetivo de entregar a carga de madeira em Liverpool. A embarcação pertencia ao norueguês Alfred Hold, enquanto a carga pertencia a uma empresa de Manchester, a Bains and Company to David Mistbey.

Após uma viagem tempestuosa, o México atracou em janeiro de 1914 nos Açores, mais concretamente em Ponta Delgada, com o intuito de reparar os danos na embarcação e recrutar mais tripulantes. António Luis da Cunha foi um deles.

Após zarpar dos Açores, a embarcação seguiu o seu destino. Até que o fatídico acidente veio a acontecer na costa de Wexford no dia 20 de fevereiro de 1914.

As condições para a navegação não eram adequadas e o barco não resistiu à tempestade (considerada como uma das piores do século), levando ao naufrágio do México perto da ilha de Keeragh.

A primeira tentativa de resgate partiu de um grupo de catorze homens de Fethard-on-Sea no bote salva vidas “Helen Blake”, mas não tiveram sucesso, nove acabariam por morrer, enquanto os restantes ficariam “presos” na ilha de Keeragh com a tripulação do México.

Foi nesta ilha que o português António Luis Cunha, após ter sido resgatado a uma morte certa por afogamento pelos marinheiros do Helen Blake, veio a falecer de hipotermia na manhã de 21 de fevereiro.

Existiram ainda outras duas tentativas de resgate uma de Kilmore e outra de Dunmore, ambas não tiveram sucesso devido a tempestade que se agravou ou à falta capacidade de os botes ultrapassarem as enormes ondas.

Depois de quatro dias, o resgate que viria a salvar os náufragos seria liderado pelo Comandante Thomas Holmes proveniente de Londres. Auxiliado por voluntários conseguiram retirar da ilha de Keeragh um por um os homens do México e os cinco do bote Helen Blake, assim como os restos mortais do português.

António Luis da Cunha foi por decisão da comunidade de Fethard on Sea sepultado num cemitério local, por impossibilidade de na altura não ter sido possível contatar os seus familiares, continuando ainda hoje a ser homenageado pelos familiares dos descendentes dos outros marinheiros do México.

 

 

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