A economia portuguesa passou por diversas e profundas transformações ao longo dos últimos 50 anos. Da economia do Estado Novo, muito assente na agricultura e na indústria, num modelo colonial, corporativista e protecionista, supervisionada pelo Estado, Portugal começou progressivamente, a partir do início dos anos 1970, a levantar restrições e a abrir a economia ao exterior. Com a revolução de 1974 e o fim do regime colonialista, o país atravessou um período de ajustamento e contínua modernização do modelo económico.
Durante a década de 1990 Portugal seguiu uma política económica determinada pelos critérios de convergência da União Económica e Monetária (UEM). O processo de convergência nominal foi concluído com êxito, tendo o nosso país logrado a integração na Zona Euro desde a sua criação, em janeiro de 1999. Tal implicou o cumprimento de um conjunto de critérios quantitativos associados à prossecução de uma política macroeconómica rigorosa e credível.
Desde então que se vem verificando, em termos da estrutura da economia, o crescente domínio do setor dos serviços, à semelhança, aliás, dos restantes parceiros europeus. Em 2011, agricultura, silvicultura e pescas representavam apenas 2,1% do VAB (contra 24% em 1960) e 9,9% do emprego; enquanto a indústria, a construção, energia e água correspondiam a 23,3% do VAB e 27,3% do emprego. Nesse ano os serviços contribuíram com 74,5% para o VAB e representaram 62,8% do emprego. Em 2016 esta tendência foi ainda mais pronunciada: o peso do setor dos serviços correspondeu a 75,4% do VAB, e empregou 68,6% da população. A agricultura, a silvicultura e pescas representaram 2,2% do VAB e 6,9% do emprego, enquanto a indústria, a construção, a energia e a água corresponderam a 22,4% do VAB e 24,5% do emprego.
Para além de uma maior incidência dos serviços na atividade económica, registou-se na última década uma alteração significativa no padrão de especialização da indústria transformadora em Portugal: modernizou-se, saindo da dependência de atividades industriais tradicionais para uma situação em que novos setores, de maior incorporação tecnológica, ganharam peso e uma dinâmica de crescimento, salientando-se o setor automóvel e de componentes, a eletrónica, energia, farmacêutica e novas tecnologias de informação e comunicação. Ainda nos serviços, a posição geográfica de Portugal, usufruindo do clima mediterrânico moderado pela influência do Atlântico, bem como a extensa faixa costeira, aliados à história e à cultura, apoiam uma relevante e crescente indústria turística.
Nos últimos anos a economia portuguesa vem atravessando um novo período de ajustamento estrutural e consolidação das contas públicas, no sentido de uma maior sustentabilidade orçamental e da balança de pagamentos. Em maio de 2014 o Governo anunciou a conclusão e saída do Programa de Assistência Económica e Financeira - PAEF (acordado com a UE e o FMI - Fundo Monetário Internacional em maio de 2011), recuperando o acesso ao financiamento nos mercados de dívida internacionais. Segundo o Banco de Portugal, os objetivos do PAEF foram globalmente cumpridos, tendo algumas características da economia portuguesa (como sejam a capacidade líquida de financiamento em relação ao exterior, o ajustamento estrutural primário, a consolidação orçamental em curso, bem como a transferência de recursos do setor não transacionável para o transacionável) constituído alguns dos elementos favoráveis para o processo de crescimento sustentável. Nos últimos anos as autoridades portuguesas procederam a reembolsos antecipados do empréstimo concedido pelo FMI no âmbito do PAEF (aproximadamente, 8,4 mil milhões de euros em 2015 e 4,5 mil milhões de euros em 2016), segundo o IGCP - Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida.
Portugal está entre as 50 maiores economias do mundo com perspetiva positiva e de crescimento nos próximos anos, como demonstram os dados macroeconómicos.
Fontes: AICEP e Banco de Portugal
Principais Indicadores Económicos
Indicador | Unidade | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 |
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PIB | Milhões EUR | 168 398 | 170 269 | 173 079 | 179 540 | 185 035 |
t.v. volume | -4,0 | -1,1 | 0,9 | 1,6 | 1,4 | |
Milhões USD | 216 358 | 226 143 | 229 995 | 199 222 | 204 761 | |
Per Capita | EUR | 16 015 | 16 282 | 16 641 | 17 330 | 17 905 |
Consumo Privado | Milhões EUR | 111 610 | 111 144 | 114 060 | 117 822 | 121 783 |
t.v. volume | -5,5 | -1,2 | 2,3 | 2,6 | 2,3 | |
Consumo Público | Milhões EUR | 31 177 | 32 501 | 32 206 | 32 667 | 33 547 |
t.v. volume | -3,3 | -2,0 | -0,5 | 0,8 | 0,8 | |
Investimento (FBCF) | Milhões EUR | 26 672 | 25 122 | 25 993 | 27 417 | 27 400 |
% PIB | 15,8 | 14,8 | 15,0 | 15,3 | 14,8 | |
t.v. volume | -16,6 | -5,1 | 2,3 | 4,5 | -0,3 | |
FBCF excluindo Construção | % do PIB | 6,9 | 7,0 | 7,5 | 7,7 | 7,5 |
t.v. volume | -11,8 | 4,1 | 8,7 | 4,9 | 1,7 | |
Taxa de Crescimento do Volume do PIB (variação percentual em relação ao ano anterior) | % do PIB | -4,0 | -1,1 | 0,9 | 1,6 | 1,4 |
População | Mil habitantes | 10 515 | 10 457 | 10 401 | 10 358 | 10 306 |
Emprego | Mil indivíduos | 4 581 | 4 450 | 4 513 | 4 576 | 5 650 |
Desemprego | Mil indivíduos | 836 | 855 | 726 | 647 | 573 |
Taxa de Atividade | % população >15 anos | 60,2 | 59,3 | 58,8 | 58,6 | 58,5 |
Taxa de Emprego | % população ativa | 66,3 | 65,4 | 67,6 | 69,1 | 70,6 |
Taxa de Desemprego | % população ativa | 15,5 | 16,2 | 13,9 | 12,4 | 11,1 |
Rendimento Nacional Bruto Per Capita | EUR | 15 627 | 16 063 | 16 356 | 16 833 | 17 535 |
Imigração | total | 14 606 | 17 554 | 19 516 | 29 896 | n.d |
Saldo Orçamental do Setor Público | % do PIB | -5,7 | -4,8 | -7,2 | -4,4 | -2,1 |
Dívida Pública | % do PIB | 126,2 | 129,0 | 130,6 | 129,0 | 130,4 |
Saldo da Balança Corrente | Mil milhões EUR | -3,0 | 2,7 | 0,1 | 0,1 | 1,6 |
% PIB | -1,8 | 1,6 | 0,1 | 0,1 | 0,8 | |
IHPC – Portugal | t.v. anual | 2,8 | 0,4 | -0,2 | 0,5 | 0,6 |
IHPC – Zona Euro | t.v. anual | 2,5 | 1,3 | 0,4 | 0,0 | 0,2 |